Alguns animais silvestres podem ser comprados legalmente. As opiniões sobre este tema são divergentes, mas o fato é que a presença deles nos lares brasileiros é cada vez maior. Por isso o importante é informar.
O número de pessoas que procuram um pet não convencional vem crescendo anualmente. Segundo dados da ABINPET, em 2020 quase 30% de todos os pets no Brasil eram animais silvestres, sendo as aves a maioria absoluta neste grupo (28%), deixando ou outros com a fatia de 1,73%. Falando em percentual parece pouco mais são 2,5 milhões anfíbios, répteis e mamíferos exóticos (as aves ultrapassam de 40 milhões).
A beleza exótica e o tamanho destes animais são os dois principais motivos do crescimento deste mercado.
Com isso, é cada vez mais importante falar sobre um lado obscuro presente neste mercado: o contrabando de animais. Afinal o tráfico de animais silvestres no só existe porque há mercado consumidor. Ele está em feiras ilegais, no comércio informal e em vendas on line. As pessoas que compram desta maneira, geralmente não pensam no caminho que este animal percorreu.
Estes animais são retirados da natureza por pessoas sem nenhum preparo, conhecimento ou critério. Sedam, quebram as asas, tiram filhotes frágeis do ninho. Muitos morrem. E os que sobrevivem acabam em gaiolas minúsculas, sem alimentação e higiene adequadas e tristes.
Vendo assim, fica difícil entender como é possível ter um bichinho destes de forma legal. O fato é que muitos animais silvestres são resgatados em ações do IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e vão para ONGs e criadouros registrados que cuidam da saúde destes bichinhos. A maioria deles não tem condições de retornar para a natureza, ou porque foram retirados muitos novinhos, ou porque foram mutilados e trazem no seu corpo danos irreversíveis da forma agressiva que foram retirados do seu habitat.
Estes animais resgatados podem se reproduzir nestes criadouros e, junto com outros animais já nascidos ali, se tornam matrizes para a reprodução legal de pets silvestres. Via de regra, a partir da terceira geração de filhotes o IBAMA libera licença para a comercialização.
Parece estranho, mas tem lógica: estes animais criados em cativeiro não têm experiência para viver na natureza e correm muitos riscos nessas condições. Nesses casos, é possível viverem dentro de uma casa com humanos cuidando dele.
É triste, é complicado e as opiniões são divergentes. Mas o fato é que, como falei no inicio do artigo, o numero destes animais é crescente nos lares brasileiros.
Por isso, se você quer ter um animal silvestre ou um pet não convencional, é importante conhecer a o a biologia dele (do que se alimenta, expectativa de vida, se é solitário ou gregário, se possui hábitos diurnos ou noturnos, o temperamento da espécie, entre outros). Se adquirir um casal, é importante saber se procriam em cativeiro e, se isso ocorrer, o que fazer com filhotes. Além disso, responder a estas perguntas:
– Tenho espaço suficiente para cria-lo?
– Tenho como criar um ambiente o mais próximo do habitat dele?
– Consigo oferecer conforto e segurança para ele?
– Quanto tempo ele precisa de interação? Tenho este tempo?
– Tenho condição financeira de mantê-lo?
Uma conversa com um veterinário especialista em animais exóticos, que vai te orientar nestas e em outras perguntas como:
– Quais as doenças mais comuns?
– Quais as medidas profiláticas (vacinação, vermifugação, suplementação)
– Precisa de algum cuidado específico?
Se você já tem um, procure um veterinário especializado e veja se está fazendo tudo certo ou se tem algo para melhorar.
Aqui na Only Vet temos formas farmacêuticas especificas para todos os tipo de pets não convencionais, respeitando as particularidades de cada espécie.
E lembre-se: Animais silvestres? Só com licença do Ibama!
Autor: Dr. André Kater
Farmacêutico veterinário apaixonado por cães e gatos. Pai de cão (Thor) e gata (Zefa)