O DNA da Farmácia de Manipulação Veterinária está nos processos de qualidade que poucos conhecem.
Todas Farmácias de Manipulação Veterinárias possuem um Sistema de Garantia da Qualidade (SGQ) baseado no Decreto 5053 do MAPA que descriminado as Boas Práticas de Manipulação de Produtos Veterinários (BPMPV).
Neste documento todos os processos são minunciosamente descritos a fim de que a transformação da matéria prima em medicamento não perca as características farmacológicas, garantindo assim, o sucesso no tratamento. São centenas de páginas detalhando como tudo deve ser feito. São conhecidos como Procedimento Operacional Padrão (os POPs).
A seguir falarei de alguns procedimentos que creio que sejam importantes ressaltar:
• A temperatura e umidade de todos os laboratórios da área de manipulação são monitoradas duas vezes por dia: a primeira de manhã – antes de iniciar os trabalhos – e a segunda a tarde – após o almoço. Os produtos termolábeis são mantidos em geladeira dedicada e exclusiva também com temperatura e umidade monitorados duas vezes por dia.
• A água utilizada nas formulações é analisada mensalmente por empresa terceirizada. A água utilizada na manipulação é purificada pelo método de Osmose Reversa, que garante uma água livre de metais e minerais que possam alterar as características farmacológicas da formulação.
• É feita a dedetização trimestral de toda a área da farmácia (laboratórios e áreas comuns). A dedetização é feita após p termino das manipulações e com os mesmos procedimentos e insumos usados na dedetização hospitalar, garantindo eficácia e segurança máxima.
• As caixas d’água são limpas semestralmente por empresa terceirizada (qualificada pelo MAPA).
• A área destinada para a manipulação é totalmente isolada do meio externo. As portas tem sistema de fechamento automático e a entrada de matéria prima e saída dos medicamentos prontos é independente feitos via pass throug. A entrada nesta área só é permitida por funcionários autorizados. É proibido o uso de adornos (relógios, pulseiras, brincos e celulares) e obrigatório o uso de EPIs (jaleco, máscara, luvas e propés).
• Toda a área de manipulação é lacrada com janelas que não abrem. O ar entra nesta área por um sistema de insuflamento de ar limpo (que passa por um filtro) e o ar sai pelo sistema de exaustão (que também passando por um sistema de filtragem). O ar entra purificado e sai purificado
• Não existem ralos nem frestas na área de manipulação.
• As balanças de precisão são calibradas por empresa terceirizada qualificada pelo Inmetro. Diariamente se faz a calibração interna com peso padrão.
• Temo o respaldo da ANFARMAG, entidade terceirizada sem fins lucrativos responsável por auditar anualmente os fornecedores e desenvolver programas de qualificação continua.
• As matérias-primas são adquiridas somente em fornecedores qualificados.
• A conferencia inicial dos produtos adquiridos nos fornecedores conta com um check list para verificar a integridade das caixas, se as embalagens estão perfeitamente lacradas e condições gerais das mercadorias (como temperatura e umidade).
• Se qualquer item do check list não é cumprido o mesmo passa pela a análise do farmacêutico que determina se existe a necessidade de recusa da mercadoria ou se a mesma fica segregada aguardando o posicionamento do fornecedor.
• Se estiver tudo ok, as matérias primas vão para uma área dedicada denominada Quarentena onde ficam aguardando as análises e só saem após todos os testes serem realizados e lançados no certificado Interno de Analise, recebendo status de Aprovado. Caso não passe em um dos destes vai para a área de Reprovados, é enviada uma comunicação para o fornecedor, que providencia a retirada.
• Todas as análises são feitas baseadas em farmacopeias reconhecidas internacionalmente (USP, Brasileira, Europeia, Japonesa). Geralmente estas trazem as informações padrão de características organolépticas (cor, odor, sabor, aspecto físico), solubilidade, pH, ponto de fusão e densidade. As informações devem ser confrontadas com as informações dos laudos dos fornecedores/fabricantes.
• Aprovada, a matéria prima recebe uma etiqueta com a sua Denominação Comum (que pode ser a Brasileira – DCB ou Internacional – DCI); o nome e o número do lote do fornecedor (ou fabricante), data de fabricação e prezo de validade, condições especificas de armazenamento ou advertências (quando houver).
Viu por quantos processos uma matéria prima passa antes de se transformar em medicamento para seu pet?
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Autor: Dr. André Kater
Farmacêutico veterinário apaixonado por cães e gatos. Pai de cão (Thor) e gata (Zefa)